A prova do grafite

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Quando eu estudava engenharia mecânica na faculdade, havia uma disciplina que tinha o nome de ” química tecnológica” e abordava as reações dos materiais, tais como corrosão. Extremamente interessante e instigante estudar essa disciplina, pelo menos do meu ponto de vista. No livro utilizado haviam várias imagens para descrever tais reações, o que ajudava bastante no entendimento, sobretudo de alguém que não tinha contato direto com tais fatos. Além do livro e da ementa da matéria ser interessante, o professor era uma caso à parte: ele tinha um jeito daqueles químicos malucos que assistíamos em desenhos animados na televisão quando criança. Lembram? Naquela época de estudante então achávamos ele loucaço!

E como qualquer prova de qualquer disciplina de qualquer professor e de qualquer escola, alguns alunos usam de um método bem antigo para se dar bem nas avaliações, mais conhecido como “cola”.

No caso da engenharia mecânica, essas eram mais refinadas, pois os alunos eram estudantes de engenharia: pensamento lógico, bons de cálculos matemáticos, inteligentes, inventivos e poraí vai….

Me lembro de uma situação em que alguns colegas furaram (com furadeira e tudo) a parede da sala de um tamanho que coubesse uma prova enroladinha para passar para um outro que ficava do lado de fora. Esse recebia a prova após entregue pelo professor e depois de um tempo a enviava toda pronta e preenchida corretamente. Isso ocorria sobretudo quando era prova teórica, as conhecidas como “decorebas”. Fora outros métodos utilizados, mais comuns. Não quero “dedar” ninguém e nem dar ideias, até porque hoje os métodos são muito mais arrojados e tecnologicamente desenvolvidos, quando não desrespeitosos. Esses eram engenhosos.

Haviam algumas provas em que o desespero por cola era tão grande que tive um colega que sentou em cima da lista de chamada achando que fosse cola….só percebeu quando o professor pediu para ele se levantar e entregar o papel. Ele ficou branco e disse que não tinha nada e o professor então completou que ele estava sentando em cima da lista de chamada. Essa foi cômica!

Outra que me lembro bem foi uma prova final em que o professor solicitou ao aluno que colocasse na prova quantos pontos precisava para passar. Me explica o objetivo disso…? De qualquer maneira, eu escrevi até mais pontos do que precisava para garantir….. E fui aprovada: até hoje não sei se pelo que fiz da prova ou pelo que escrevi, pois coincidiram. Acabei passando com mais pontos que a média. E no semestre seguinte um colega meu não conseguiu fazer a matrícula em uma determinada disciplina, pois esta tinha como pré-requisito aquela outra……E ele não tinha passado na tal matéria, diferente do restante da turma…. Quando ele foi conferir os pontos que faltaram, percebeu que tinha colocado o número de pontos abaixo do que ele realmente precisava, ou seja, não passou! Todo mundo riu demais da bobeira que ele fez. Se eu for contar todas as histórias aqui vai dar mais de metro de assunto. E quero chegar no professor de química tecnológica!

Então, não me lembro o nome dele: eu sei que ele conseguiu dos alunos o respeito, através do medo e da admiração, além de utilizar de uma baita criatividade.

Um problema que existia em sala de aula era que o professor entregava a prova depois de corrigida e alguns alunos desmanchavam o que haviam escrito incorretamente, escreviam novamente e depois pediam uma revisão de prova pelo professor alegando erro na correção da prova. Mas ao invés dele ficar criando caso, desconfiado da falsidade ou oportunismo do aluno, explicou durante toda uma aula como era possível detectar através de cálculos o tempo de meia vida e de degradação dos materiais através de suas propriedades, sobretudo o grafite.

E ele alegou possuir os equipamentos e métodos para efetuar essa análise da escrita no lápis ou lapiseira dos alunos para então identificar em que data foi utilizado. Nós ficamos boquiabertos com essa informação.

Além de nos ensinar, ainda deu um jeito  dos alunos  não repetirem tal atitude e estudarem, ao invés de colarem. Isso com criatividade, inteligência e conhecimento. Bom exemplo!

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