Gatilho emocional

Você já se sentiu “tomado” por uma emoção negativa como angústia, ansiedade ou medo diante de algumas situações sem saber exatamente por quê?

O gatilho emocional é a resposta gerada diante de experiências vividas relacionadas a memórias ruins ou traumáticas, interferindo no seu estado emocional do momento e, muitas vezes, gerando um comportamento reativo.

Esses gatilhos podem se apresentar na forma de situações, palavras, pessoas ou opiniões que acionam, automaticamente, memórias e desencadeiam sentimentos e reações emocionais intensas na pessoa afetada. Quando isso ocorre, o humor da pessoa pode mudar, fazendo com que ela sinta raiva, tristeza, ansiedade, nojo, medo ou qualquer outra emoção, gerando reações desproporcionais.

Como acontece?

O nosso cérebro é primitivo, isso quer dizer que ele utiliza todos os recursos para a garantir a nossa sobrevivência – a sobrevivência da espécie humana, ou seja, ele está constantemente atento aos sinais que possam indicar uma ameaça e o corpo está preparado para reagir diante desses sinais de maneira a lutar, fugir ou congelar.

A simples escuta de um som que nos parece ser, por exemplo, um tigre, é capaz de nos ativar memórias e gerar interpretações da situação como sendo uma ameaça – mesmo que nunca tenhamos visto ou ouvido o rugir de um tigre. Nesse momento, o nosso sistema límbico libera uma grande quantidade de adrenalina e cortisol porque, para esse sistema, não interessa se o tigre realmente estava lá ou se era apenas uma imaginação. O cérebro não entende a diferença entre imaginação e realidade. Até porque, se esse alarme não tivesse tocado e realmente existisse um tigre, não teríamos nenhuma história para contar. E nós herdamos esse sistema de alarme primitivo.

Então, uma dentre muitas das funções do sistema límbico é cuidar das nossas memórias e emoções e controlar as ações imediatas do corpo. Sendo assim, diante de uma ameaça ou algo que seja interpretado como uma ameaça como o rugido de um tigre, por exemplo, é criado um atalho entre o estímulo do ambiente e a nossa reação.

Em resumo, o cérebro utiliza a memória de situações já vivenciadas para antecipar as respostas do corpo e aumentar as chances de sobrevivência. Dessa maneira, memórias são ativadas e, por consequência, emoções são geradas e reações

Naquela época, o rugir de um tigre era uma ameaça, mas no contexto de vida atual, o medo diante do desconhecido, de falar em público numa reunião, situações de estresse geram em nosso corpo essa mesma reação como se fosse um perigo real, sendo que na verdade essa ameaça está em nossa mente. Mesmo diante de um perigo criado num determinado contexto de vida na sua mente – pode ter sido de uma experiência na infância, por exemplo, as reações em resposta ao stress gerado diante de uma ameaça são as mesmas.

Usando como exemplo o medo de falar em público, o simples fato de alguém chamar o seu nome para apresentar o projeto numa reunião pode desencadear essa resposta, sendo o gatilho emocional.

Os gatilhos emocionais podem ser internos e externos: tome consciência de quando e como surgem as suas emoções e quais foram as situações ou pensamentos que desencadearam essa emoção e o que há por trás disso.

Saiba como identificar e agir diante de um gatilho emocional:

  • Comece a observar e prestar atenção às situações que desencadeiam emoções negativas e reações desproporcionais e anote durante um período de pelo menos um mês;
  • Analise o seu comportamento, as suas emoções e reações diante dos acontecimentos e escreva;
  • Verifique os pensamentos que ocasionaram tais emoções e anote;
  • Identifique a sensação corporal experimentada, a expressão facial e dê nome a essas emoções;
  • Depois de identificadas as situações e emoções experimentadas, busque mudar o foco da questão, estimule emoções positivas e se afastar de alguns ambientes e pessoas;
  • Busque ajuda terapêutica para ressignificar os traumas ou eventos causadores que desencadeiam esse estado emocional e vivências negativas.

Tenha um caderninho (veja essas opções) para você criar esse hábito de escrever e fazer um diário contendo relatos dos seus momentos e as emoções, os sentimentos experimentados em diversas situações – sejam confortáveis ou desconfortáveis, eufóricos ou tranquilos, alegres, tristes ou explosões de raiva, desejos e imaginação ou acontecimentos.  Escrevendo, você vai identificar com mais clareza alguns padrões de comportamento que se repetem, os gatilhos emocionais que desencadeiam certas reações, as emoções que estão por trás e as interpretações que você faz das situações. Esse é outro passo a ser dado e que deve ser realizado durante um certo tempo para aumentar a autoconsciência. Defina um horário do dia para fazer isso!

Depois da sua investigação interna e de identificados os padrões de comportamentos, as emoções experimentadas, pensamentos relacionados e as situações, será possível identificar os gatilhos emocionais e ressignificar, ou seja, criar novas respostas ou novos significados para os eventos, encontrar alternativas e maneiras de interpretar os acontecimentos. Por consequência, alterar as emoções e comportamentos.

Procure transformar os acontecimentos em aprendizados, por pior que eles sejam.

Os gatilhos são a superfície de um sofrimento. A melhor forma de evitar que isso continue acontecendo é entender a origem de forma mais profunda e trabalhar estratégias de enfrentamento e ressignificação dessas questões. Uma das ferramentas terapêuticas que utilizo em meus atendimentos para resolver tais situações é a hipnose.

Não banalize o seu sofrimento. Procure ajuda!

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